Literatura e luta: Violência contra a mulher na poesia de Lindevania Martins
Março é um mês marcado por datas especiais. Em 08 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, quando se dá mais visibilidade para temas que são de grande relevância para a nossa sociedade, como é o caso do enfrentamento à violência contra a mulher.
Os dados estatísticos mostram que continuam alto os índices de feminicídio, apesar das alterações legislativas e da criação de novos serviços que visam conferir mais eficiência e proteção para mulheres em situação de violência.
Já em 21 de março, comemora-se o Dia Mundial da Poesia, data estipulada pela UNESCO para celebrar a fortalecer a poesia como arte em todo o mundo. A maranhense Lindevania Martins conhece bem ambos os mundos: o da violência contra a mulher e o da poesia. Ela é defensora pública com atuação no Núcleo de Defesa da Mulher e População LGBT da Defensoria Pública do Estado do Maranhão, bem como é escritora e poeta com quatro livros publicados e vários prêmios no currículo literário.
No dia 04 de março, às 10h, Lindevania Martins será recebida no evento promovido pela Biblioteca ESCEX do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, no evento “Encontro com a Escritora”, que será mediado por João Carlos Pimentel, onde conversará sobre seu ofício literário. Quanto a sua literatura, Lindevania destaca “Escrever é minha forma de pensar e refletir sobre o mundo. Nos meus poemas e contos, a questão da violência contra a mulher está muito presente, seja porque sou mulher, seja porque trabalho com esse tema e é inevitável que ele não mobilize meus sentimentos e atraia minha atenção de modo especial. A violência contra a mulher é um problema complexo que precisa ser combatida em várias frentes, não apenas no universo jurídico. Através da arte, através da poesia, conseguimos produzir conscientização e mudança cultural”.
No poema “Fora dos Trilhos”, publicado em seu livro mais recente, de mesmo nome, Lindevania Martins escreve contra a violência sofrida pelas mulheres, contra o silenciamento e o feminicídio: “em seu corpo mais nenhum hematoma/nenhuma laceração ou equimose viria à tona/que ele desarmasse suas armadilhas/que recolhesse seus instrumentos de guerrilha/sua rebeldia era caminho sem volta/ela reescreveria o final da história/ele jamais a veria de novo calada ou morta”.