São Luís elege primeiro Mandato Coletivo e segue tendência nacional

O Coletivo Nós foi eleito, com 2110 votos, para a Câmara Municipal de São Luís. A candidatura é um feito inédito para o poder legislativo, que a partir de agora segue a tendência nacional e emplaca o primeiro mandato coletivo do Maranhão. Além disso, nas eleições deste ano, quase metade dos vereadores eleitos para a Câmara de São Luís é de nomes novos.

Candidaturas coletivas já vêm surgindo em todo o Brasil há pelo menos oito anos, e aparecem como resposta à crise de legitimidade pela qual passa o sistema político atual. Segundo pesquisa realizada no ano passado pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, 80% dos brasileiros afirmam que a democracia não funciona no país.

Desacreditadas de políticos de carreira, as pessoas têm buscado cada vez mais alternativas à falta de representatividade. “Um candidato que fala de uma realidade que ele conhece, que ele vive, é diferente de quem chega sem conhecer. Essa que é a mudança”, destacou Enilson Ribeiro, um dos co-vereadores eleitos do Coletivo Nós.

As candidaturas coletivas têm alcançado boa aceitação. Além do Maranhão, estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia, São Paulo, Goiás e Paraná também elegeram coletivos para câmaras municipais. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou que o número de candidaturas coletivas no Brasil subiu de 13 em 2016 para 257 em 2020.

Para Flávia Almeida, uma das co-vereadoras eleitas do Coletivo Nós, a candidatura coletiva é uma construção popular. “Sabemos que estamos fazendo história, construindo uma nova forma de fazer política, onde por exemplo, podemos colocar uma mulher preta dentro da Câmara de Vereadores, representando todas que sofrem com a falta de representatividade”, afirmou.

Pela primeira vez o Maranhão teve 6 candidaturas coletivas para o pleito deste ano, sendo o Coletivo Nós o único eleito para o primeiro mandato compartilhado no Estado. Como ainda não há previsão legal para este tipo de mandato, a gestão do cargo é normatizada pelos próprios co-candidatos. No caso do Coletivo Nós, um estatuto aprovado antes da eleição já prevê as regras para a divisão das decisões.

Para o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão, Francisco Gonçalves, o mandato coletivo é mais plural. “Pela primeira vez, a Câmara de São Luís terá um mandato para defender todos os direitos: das periferias, dos negros, dos LGBTQI, das mulheres, das crianças”, afirmou.

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